Obras de Música Sacra de Joaquim dos Santos | Exposição

A Musica Sacra ocupa um lugar de destaque na obra de Joaquim dos Santos, muito em parte, pela sua vida dedicada ao sacerdócio. O compositor afirmou que em toda a música que escrevia punha a alma de sacerdote.

Joaquim dos Santos iniciou-se na composição ainda na altura que frequentava o seminário onde escreveu vários cânticos para a música litúrgica e uma Cantata a Santa Cecília.

São variadas as técnicas que utiliza para evidenciar a beleza, a forte expressividade ou mesmo a dramaticidade das palavras. A alternância entre execuções instrumentais e execuções à capella, solistas e corais é muito frequente, assim como a declamação sobre uma nota com ou sem suporte instrumental e com ou sem referência rítmica.

De um vasto legado de música sacra que nos deixou, destaca-se o Oratório Travessia: Aquela que poderá constituir uma espécie de auto-retrato mais perfeito e acabado […] será o oratório Travessia, para 2 solistas, coro e orquestra, com o texto do Senhor Bispo de Vila Real, D. Joaquim Gonçalves. Trata-se de uma composição de grande fôlego, (são 639 páginas de Orquestra distribuídas em 3 volumes), com um argumento muito belo, e servidas, julgo eu, por uma linguagem extremamente actual [Joaquim dos Santos in Diário do Minho, suplemento da edição n.º 27849, 1 de Agosto de 2007].

Um tema que sempre fascinou Joaquim dos Santos, sobretudo pela sua carga emotiva, foi o tema da Paixão, despertado nos tempos do seminário, quando assistia às cerimónias da Semana Santa na Sé Catedral de Braga. Este fascínio deu origem à criação de três obras emblemáticas na sua produção musical. A primeira, para leitores, quatro vozes mistas e órgão foi escrita em 1977, a pedido do conterrâneo P. Fernando Pereira de Castro com texto em vernáculo do Evangelista S. Mateus, e destina-se à liturgia. A Passio et mors Domini Nostri Jesu Christi secundum Lucam, solicitada pelo Professor Doutor João Duque para ser executada no ano de 1999 em Fátima, é o culminar de um antigo e lindo sonho, há muito acalentado por Joaquim dos Santos. Os textos são retirados de S. Lucas e S. João, surgindo paralelamente hinos e salmos, impropérios e antífonas, parte da sequência Stabat Mater e uma passagem das Lamentações do Profeta Jeremias que fazem o contraponto, a moldura e o comentário às várias passagens do Evangelho. Inspirado na Paixão segundo S. Lucas, para solistas, quatro coros e orquestra, de Penderecki, foi desta obra que retirou o material que havia sido coligido e seleccionado por teólogos de renome. Desde os contrastes harmónicos, rítmicos ou dinâmicos, ao discurso narrativo, ao diálogo, à oração humilde e confiante, ao louvor mais alto e solene, à melancolia e candura feitas de singeleza e encanto, … a música aí está toda ela, em melodias, acordes ou agregados sonoros, tonal ou atonal, a servir tão belos e nobres textos que nos relatam e comentam a Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. Devido à sua complexidade e extensão, destina-se apenas a ser executada em concerto.

A última Paixão, segundo S. João, para três solistas, coro a três vozes mistas, órgão e violoncelo, é uma das últimas obras do compositor, datada de Janeiro de 2008. Com texto em vernáculo, pode igualmente usar-se na liturgia. Dedicada ao seu amigo Nuno Costa, foi também ele quem a solicitou, pedido ao qual o compositor respondeu com agrado, gosto e entusiasmo, procurando realçar o dramatismo do texto através da linguagem musical.

Dedicada à Orquestra de Câmara do Distrito de Braga e estreada em Setembro de 1994, Lamentationes Jeremiae Prophetae, cantata para coro, solistas e orquestra, constitui mais uma obra chave da música sacra de Joaquim dos Santos. Os temas gregorianos são, simultaneamente, o ponto de partida da composição e o material que lhe confere unidade e coesão. O tratamento do texto bíblico expressa o conteúdo profundamente dramático das Lamentações do profeta Jeremias.

Te Deum Laudamus, para coro, quatro vozes mistas e Orquestra, e Ecce Sacerdos Domus Domini Tantum Ergo, para coro e orquestra, são duas obras de musica sacra escritas para a celebração das Bodas Sacerdotais do Senhor Arcebispo de Braga, D. Eurico Dias Nogueira, a quem o compositor as oferece, dedica e consagra. Além destas obras, escreve também as Quatro canções para Flauta, Trompete, canto e piano.

Após a estreia da Noiva do Marão, na Igreja de Santo António dos Portugueses, o compositor inicia a composição da cantata Santo António dos Portugueses, para barítono solista, coro e orquestra, onde os vários intervenientes […] desempenham o seu papel com invejável dignidade. A narração encontra-se distribuída pelo solista e pelo coro quebrando uma possível monotonia. A orquestra apresenta, acompanha e tece os seus comentários ao texto através de sonoridades imponentes e majestosas, numa obra em honra de Santo António, simultaneamente português e italiano.

Foi longa, muito longa, dolorosa e difícil a caminhada [Joaquim dos Santos].

Assim se inicia a nota à grande obra Stabat Mater, para coro a quatro vozes e orquestra. O autor descreve esta sua obra como um quadro de cores contrastantes onde os diversos temas, as harmonias e os ritmos caprichosos se entrelaçam, e onde o inesperado vai rigorosamente surgindo. Articulam-se estas páginas num Andante Maestoso e Solenne, Piu Mosso ou Sostenuto, mas sempre Maestoso e Tranquillo como a Mães, junto à cruz de seu filho, no cimo do Calvário ….

Entre as várias missas que compôs destacamos a primeira, Missa Simples, para coro a duas vozes mistas e órgão que data de 1976. A esta seguem-se mais três obras: Missa Nova (1978), para coro a três vozes mistas e órgão, Missa Fácil, para coro a três vozes mistas e órgão (1982) e Missa em Honra de Nossa Senhora da Conceição, para três vozes mistas e órgão (1998).

Ana Rita Campos e Sónia Marques, alunas do 2º ano da Licenciatura em Música.

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