Pontifício Instituto de Música Sacra em Roma | Concertos

"A primeira composição de Joaquim dos Santos no Pontifício Instituto de Música Sacra foi “A corda tensa que eu sou”. Esta obra para coro e piano, com base num poema de Sebastião da Gama, gerou alguma polémica dentro do Instituto, uma vez que evidenciava um instrumento musical pouco usual na Instituição – o Piano. (…) o piano era considerado um instrumento não sacro, mais apropriado para o lazer. Pela primeira vez um aluno, (...), ousou um estilo de composição que, até, não tinha surgido neste Instituto.
Joaquim dos Santos era visto pelos professores como um aluno inovador e ousado nas suas composições. Este facto originou, por vezes, discordâncias entre os elementos do júri de exame, quanto ao nível de avaliação a atribuir-lhe: na maioria das vezes a nota máxima.
O Pontifício Instituto de Música Sacra promovia anualmente um Concerto – Il manifestazione artística degli alunni del Pontificio Istituto de Musica Sacra, onde os Professores de Composição propunham a execução das melhores obras dos seus alunos.
Várias obras de Joaquim dos Santos foram executadas nestes concertos, tendo sido apresentada a 22 de Maio de 1966 precisamente a obra lírica coral: “A corda tensa que eu sou”, para coro e piano. A execução esteve a cargo do Coro dos alunos do PIMS, a execução instrumental do pianista Luca Lombardi. A obra foi dirigida pelo próprio Joaquim dos Santos.
A 23 de Maio de 1967 teve lugar um novo concerto, promovido pelo Instituto, onde foi executada, pelo segundo ano consecutivo, uma obra de Joaquim dos Santos – Prelúdio quasi Fantasia, para órgão. A execução esteve a cargo do organista espanhol Rosendo Aymì.
A 24 de Maio de 1968 foram executadas, no mesmo âmbito, duas obras de Joaquim dos Santos: Ricercare, Passacaglia e Finale, para órgão, e Toadas de Natal, para coro e dois pianos (…) dirigida por Joaquim dos Santos. O Maestro Ernest Ansermet (1883 – 1969) esteve presente na actuação e, aplaudindo com entusiasmo, fez questão de cumprimentar o jovem compositor. Depois de uma longa conversa, o Maestro aconselhou Joaquim dos Santos a ouvir e estudar a obra do compositor suíço Franck Matin (1890 – 1974).
Vários jornais e revistas teceram críticas elogiosas a respeito destas obras. O Jornal diário italiano Il Messagero fez notícia a 26 de Maio de 1968 acerca deste concerto com particular menção das obras de Joaquim dos Santos." [Carla Simões: Joaquim Santos - Um Compositor no Panorama Musical Português Contemporâneo - volume I Departamento de Expressões Artísticas e Edução Física - Instituto de Estudos da Criança, Universidade do Minho - 2000]

A gravação que se segue é da obra para orgão Ricercare Passacaglia. Posteriormente, o Maestro Joaquim dos Santos também lhe atribuiu o nome de Prelúdio (ricercare) e Passacaglia. O Finale que é acima enumerado é o último andamento das 5 peças para órgão. Na altura da primeira apresentação este Finale foi o único andamento executado das 5 peças (são obras distintas - Ricercare Passacaglia e 5 peças para órgão, da qual faz parte o Finale).
A interpretação é do organista italiano Giampaolo di Rosa que apresentou a obra num concerto promovido pelo IPSAR a 29 de Outubro de 2000.





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Uma obra do tempo de estudante do nosso Maestro que apresenta uma enorme maturidade e correcção de escrita musical. Já nesta obra se pode verificar que a partir de recursos simples, Joaquim dos Santos, percorre um caminho que o conduz a resoluções harmónicas e melódicas muitos pessoais, estas farão parte da sua bagagem musical para o resto da sua vida...

A título pessoal devo dizer que a profundidade e serenidade desta obra provocam um sem número de sensçãoes e emoções...
Nuno Costa
[foto de G. Luna, 2006 - gentilmente cedida pelo IPSAR]
Agradecimento à Dra. Carla Simões.

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