Uma revista musical portuguesa…

Capa da Revista "Glosas"(…) “A verdade é que em Portugal sempre lidámos mal com os conceitos de «clássico», de «reportório» e de «cultura viva». O problema é especialmente grave na  Música, dadas as lacunas no ensino geral, a quase inexistência de edições e o atraso da investigação musicológica; mas é extensivo a todas as artes. Veja-se o exemplo do Teatro: no país de Gil Vicente, António José da Silva, Almeida Garrett, António Patrício, Raul Brandão e José Régio, os grandes textos da nossa dramaturgia, mesmo editados, praticamente nunca são levados a cena. Não há uma noção de reportório.

Um país que não tem uma cultura própria não chega a ser um país. Neste nosso rectângulo oscilamos entre dois excessos: um snobismo provinciano e ignorante que despreza tudo o que é português com um ancestral complexo de inferioridade; e um nacionalismo reaccionário e trauliteiro que faz a apologia bacoca de tudo o que tenha a chancela nacional. As duas tendências são igualmente perniciosas e desgastantes. Quem sofre é a nossa cultura, que se vê privada daquele lastro de fruição e de convivência capaz de a manter viva.” (…)

DELGADO, Alexandre – A Sinfonia em Portugal | Lisboa, Ed. Caminho, 2002.

O anterior texto diz respeito à Sinfonia feita em português mas, com demasiada facilidade e como se percebe ao longo do escrito, encaixa em qualquer vertente da nossa música “erudita”.

Também a edição escrita sobre a nossa música “erudita” é, pelo menos até hoje, inexistente. Era, até hoje, um vislumbre. Apenas se sabe dela no passado, em décadas já distantes. Até hoje, as edições sobre música “erudita” portuguesa sofrem sempre da mesma doença: estão constantemente a falir e ressurgir. Até hoje assim tem acontecido…

Hoje sim, hoje mesmo Portugal está, seguramente, a caminhar para melhor no que diz respeito à cultura musical (mas se calhar nem se apercebe disso). Um passo mesmo muito importante na actualidade que só fará sentido se todos nós, músicos e melómanos, estudantes, historiadores, ouvintes, etc… respeitarmos as publicações (fugindo às fotocópias) e fizermos um “esforço” por adquirir um trabalho que se pretende duradouro.

A qualidade pratica-se e não será por causa de pagar 3€ de seis em seis meses que será impossível adquirir tal documento que, com certeza, crescerá sempre em qualidade e quantidade.

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