[2002.OUT.25] Joaquim Santos ao lado de Bach e Messiaen | Diário do Minho

Na igreja de Santo António dos Portugueses, em Roma, foi terça-feira executada quase em estreia absoluta uma obra do Dr. Pe. Joaquim Santos, integrada num programa em que constava J. S. Bach e Olivier Messiaen.

Trata-se de uma obra para piano, “Prologus, 6 impressões sobre o Evangelho de São João”. Seis frases do prólogo deste Evangelho dão o mote a outros tantos trechos musicais: In principio erat Verbum; Et Verbum caro factum est; Et in Verbo erat vita; Et vidimus gloriam eius…

Foi intérprete a pianista Ana Telles, natural de Lisboa, a trabalhar actualmente em Paris com a viúva de Olivier Messiaen, Yvonne Loriod-Messiaen, e a preparar o doutoramento na Sorbonne sobre música portuguesa contemporânea.

Da obra de Joaquim Santos afirma que «com conceitos-base simples consegue resultados majestosos, muito invocativos». Ana Telles tinha apresentado dois excertos desta obra numa rádio portuguesa no dia internacional da música deste ano e confessa apreciar e gostar da peça.Joaquim dos Santos e Ana Telles

Joaquim Santos aparece neste concerto ao lado de Bach - “Ich ruf zu dir, Herr” na transcrição de Busoni; “Chaconne em Re menor” na transcrição de Brahms; e de Messiaen de que foram executados “La Colombe” (prelúdio), “L’Alouette Lulu” e “L’Alouette Calandrelle” do “Catalogue d’Oiseaux” e “Regards des Hateurs” e “Noël” da obra “Vingt regards sur l’enfant Jesus”. Foi ainda executada a obra “In Tempore” de J. Pedro Oliveira (para piano e fita magnética).

Quem conhece a obra do organista titular da “Église de la Trinité” pode avaliar por um lado a audácia de Ana Telles e imaginar a boa companhia de Joaquim dos Santos e o nível do seu “Prologus”. Esta é a última obra de uma bela lista de obras do ilustre bracarense apresentadas aqui em Roma e que justificam bem o reconhecimento de que já goza nos meios musicais. Já foram apresentadas e gravadas em CD numa edição do Instituto Português de Santo António: “Lamentationes Jeremiae Prophetae” (para barítono, coro e orquestra), “Santo António dos Portugueses” (cantata para barítono, coro e orquestra), “Sinfonia do Silêncio” (para barítono, violino e órgão), “Ricercare e Passacaglia” (para órgão), “Improvisação” (para órgão), “Dois motetes” da Semana Santa (para 4 vozes mistas), canções sobre textos de Miguel Torga (para 4 vozes mistas) e, finalmente, “Prologus”. Além de Roma, a sua música foi apresentada na República Checa e em outras zonas da Itália. Abrem-se possibilidades muito consistentes de Joaquim Santos ser ouvido em Paris e na Alemanha.

Quanto à pianista Ana Telles, cabe referir que tem o bacharelato em piano pela Escola Superior de Música de Lisboa, a Licenciatura pela Escola de Música de Manhattan e o Mestrado pela Universidade de New York com máxima classificação. Além de piano estudou música de câmara. Desde 1999 trabalha com a viúva de Messiaen e dele interpretou várias obras para piano e piano e orquestra com a Orquestra Metropolitana de Lisboa numa série de 16 concertos em 2000-2002. Como solista e membro de música de câmara, Ana Telles participou em concertos em Portugal, Cuba, Itália, Brasil e Estados Unidos. Realizou uma tournée em Taiwan com a Orquestra Sinfónica Nacional daquele país asiático. A sua dedicação ao estudo e interpretação de obras do difícil compositor Messiaen justifica-a pela paixão partilhada pelos pássaros (Les oiseaux).

A. Luís Esteves

Sexta-feira, 25 de Outubro de 2002

Diário do Minho

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