"Novas da Grande Música" (2) | 15.06.2006
No seguimento do que se tinha dito anteriormente, continua a publicação dos artigos "Novas da Grande Música" - rubrica publicada desde 2005 pelo Ecos de Basto – Jornal Regionalista trissemanal – que tem a assinatura do caro Professor Paulo de Almeida.
Foi com este aliciante título que se publicaram vários artigos sobre algumas das actividades do nosso Maestro e da sua Música.
"Novamente aqui estamos para darmos a conhecer as Novas da Grande Música. Desde Dezembro (de 2005) até à presente data o mundo ficou mais rico pois os sons que o povoaram e que nasceram numa povoação do nosso concelho (Moimenta-Cavês) pela mão de Joaquim dos Santos para isso contribuíram. Ora vejamos então quais foram os sons que povoaram este nosso mundo!...
A 7 de Dezembro na Igreja de Santo António dos Portugueses em Roma a Orquestra Sinfónica Tiberina e o Coro Feminino da igreja atrás referida, sob a orientação do Maestro Massimo Scapin no «Concerto dell’Immacolata» executaram “Carmen Fatimale” e “Arma Virosque” obras de J. dos Santos. A primeira obra referida tem texto de Amadeu Torres e foi estreada em Fátima por ocasião da comemoração dos 80 anos das aparições. Para a segunda obra o texto foi retirado da Proposição dos Lusíadas de Luís Vaz de Camões. Em Fevereiro, no dia 23, na Capela da Universidade Católica em Braga, por ocasião do “III Ciclo de Música Coral –CATHOLICANTUS” aconteceu um concerto para Órgão e Barítono em homenagem ao nosso respeitoso J. dos Santos. O barítono José Carlos de Miranda e o organista Giampaolo Di Rosa presentearam os assistentes com “4 Poemas para Barítono e Órgão” (poemas de Castro Gil, Porto Soares e J. Silva Lima); também, para Órgão Ibérico, foi executada a peça “Preludio, Ricercare e Corale”. Além destas obras de J. dos Santos foram executadas duas Árias (da Paixão segundo S. Mateus) de J. S. Bach. No final ainda houve lugar para uma improvisação organística sobre o tema litúrgico “Tomai, Senhor, e Recebei” de J. dos Santos.
Em finais de Março, mais precisamente a 31, no «Concerto di Quaresima» (novamente em Roma) foram executadas pela Orquestra Sinfónica Tiberina e pelo Coro de Santo António dos Portugueses sob a direcção de José Ferreira Lobo as obras “Via Crucis” e “Juxta Crucem” para Voz Recitante e Orquestra de Sopros. De referir que o texto lido antes de cada estação da Via Crucis são meditações escritas pelo Cardeal Joseph Ratzinger. Ambas as peças foram recitadas por Rosario Tronnolone da Rádio Vaticano e neste concerto estiveram presentes o senhor Embaixador de Portugal junto da Santa Sé assim como o senhor Reitor da Universidade Católica Portuguesa .Já no mês de Abril e por ocasião do “VIII Ciclo de Concertos de Páscoa” promovido pela Câmara Municipal de Guimarães teve lugar na Igreja de Nossa Senhora da Oliveira no dia 8, pela Orquestra de Sopros da Academia Valentim Moreira de Sá sob a orientação de Vítor Matos, a Prece para Voz Recitante e Orquestra de Sopros «Juxta Crucem» recitada por Domingos Salvador que também anunciou as 14 estações da «Via Crucis» que, para melhor ilustrar os sons emanados da orquestra, teve projecção de diapositivos alusivos a cada estação.No mesmo mês, mas desta feita no dia 22 e de novo na Igreja de Santo António dos Portugueses em Roma e cujo reitor, o Monsenhor Agostinho Borges oriundo de uma aldeia de concelho de Vila Pouca de Aguiar e que tem dado um grande impulso à música que se faz em Portugal (dados oficiais de uma empresa da especialidade italiana indicaram recentemente que a “Chiesa Di Sant’ Antonio Dei Portoghesi In Roma” é o terceiro pólo musical romano) aconteceu outro concerto com músicos portugueses (ou que se deslocaram de Portugal a Itália propositadamente para este evento): Vítor Matos e Domingos Castro –Clarinetes, João Paulo Teixeira –Piano, Luís Ribeiro –Saxofone e Yakov Marr –Violino. Foram executadas peças de Mozart, Chauson, Messiaen, Yakov Marr e, de J. dos Santos, as peças: - "Sonata da Chiesa” para Piano e Saxofone Barítono, - "Meditação", peça escrita para a Acção de Graças da missa pela eleição do Papa em 17 de Abril de 2005 presidida em Roma na Igreja de Santo António pelo Cardeal D. José Policarpo e – "Invenzione Concertata" e “Rondó” para 5 instrumentos. Ainda em Abril, no dia 26, mas na Igreja Paroquial de Joane, Giampaolo Di Rosa proporcionou aos presentes um «Recital de Órgão» em que foram executadas obras de Bach, Mozart, Liszt, do próprio Giampaolo e uma improvisação sobre o tema do Hino de Joane da autoria de J. dos Santos.
No dia seguinte, 27 de Abril, integrado no já referido «III Ciclo de Música Coral –CATHOLICANTUS» o grupo vocal Ançable (de Ançã – Coimbra) e o organista Giampaolo Di Rosa executaram um concerto de homenagem a J. dos Santos em que ressaltaram duas vertentes do nosso ilustre compositor: -”J. dos Santos sobre os poetas portugueses” em que os textos de Vasco A. Gonçalves, J. da Silva Lima, Miguel Torga e Mário Garcia ganharam asas com os sons para eles escritos e – "J. dos Santos e a liturgia” em que foram executados cânticos editados pela Nova Revista de Música Sacra e que são cantados em muitas das nossas igrejas; sobre um deles, «Onde há Caridade Verdadeira», foi feita uma improvisação ao órgão. Também foram cantados “Dois Motetos sobre a Paixão”. Em Maio a Academia Valentim Moreira de Sá, sediada em Guimarães, organizou uma série de quatro concertos que tiveram lugar em Guimarães, Caldas das Taipas e Brito. No último concerto, que aconteceu no dia 14 no Centro Cultural Vila-Flor mais uma obra de J. dos Santos foi executada, o “Concerto para Violoncelo e Orquestra de Sopros”. Em primeira audição absoluta o jovem Valter Freitas fez soar o seu violoncelo tendo mostrado aos presentes as suas qualidades como instrumentista assim como a beleza e o atrevimento musical da composição assinada pelo nosso amigo J. dos Santos. Volvidos oito dias, a 22 do mesmo mês de Maio no Teatro de Vila Real, estreou-se mais uma obra musical. Desta feita uma oratória para Soprano, Tenor, Orquestra Clássica e Coro. Na oratória “Travessia” foram-nos apresentados pelos solistas Inês Villadelprat, Rui Taveira, a Orquestra do Norte e o Coral de Chaves sob a direcção de Manuel Teixeira três quadros: -1º “A Distribuição das Tribos”, -2º “As Tentações do Deserto” e 3º “Os Frutos da Terra Prometida”. Um quarto quadro constituirá um novo concerto. Dos libretos distribuídos foram retiradas as linhas que se transcrevem a seguir: [Esta peça, a “Travessia” faz a evocação cristã de Trás-os-Montes e Alto Douro, sobretudo da área diocesana de Vila Real, e, em segundo plano, chama a atenção para alguns problemas da sociedade actual. No texto da Abertura e do 1º e 3º Quadros é mais notória a referência geográfica a Trás-os-Montes; no 2º e 4º Quadros acentua-se o comentário social em clave transmontana. Tem subjacente o esquema do livro do «Êxodo» - a saída dos antigos Hebreus do Egipto e a viagem pelo deserto até Canaã ou Terra Prometida – um recurso muito utilizado na literatura cristã e mesmo na literatura e cinema profanos para falar dos grandes movimentos sociais. Construíram-se quatro quadros de harmonia com o nosso objectivo: Distribuição das tribos, Tentações do deserto, Frutos da terra prometida, Despedida de Moisés e passagem do Jordão.] Ainda no dia 4 de Junho em Vagos, numa iniciativa da Universidade de Aveiro, foi apresentada uma peça para Marimba e Órgão, “Fantasia”, cuja estreia aconteceu em Aprília, arredores de Roma e também já executada na cidade de Roma e em Espanha." Paulo Almeida
Páginas singelas duma importância singular que nos ajudam a perceber o Joaquim dos Santos que se toca nos locais remotos do nosso país; páginas que nos apresentam o Joaquim dos Santos que constantemente "viajava" de terra em terra e voltava à "sua" cidade de Roma para aí também ver, ouvir e sentir a execução das suas obras, desde a mais simples e natural à mais grandiosa e complexa das suas criações.