"Novas da Grande Música" (1) | 30.11.2005
“Novas da Grande Música” é uma rubrica publicada desde 2005 pelo Ecos de Basto – Jornal Regionalista trissemanal – que tem a assinatura do caro Professor Paulo de Almeida.
Páginas singelas duma importância singular que nos ajudam a perceber o Joaquim dos Santos que se toca nos locais remotos do nosso país; páginas que nos apresentam o Joaquim dos Santos que constantemente "viajava" de terra em terra e voltava à "sua" cidade de Roma para aí também ver, ouvir e sentir a execução das suas obras, desde a mais simples e natural à mais grandiosa e complexa das suas criações.
Todos os artigos “Novas da Grande Música” serão gradual e aleatoriamente publicados neste blog. Com a sua publicação abre-se mais uma janela na divulgação da actividade musical de Joaquim dos Santos, e dá-se a oportunidade de conhecer a música que foi realizada um pouco por todo o lado e nos locais mais desconhecidos…
Começamos, então, pelo artigo editado na imprensa regional de Basto no dia 30 de Novembro de 2005…
“Teve lugar na Igreja de S. Martinho no Arco de Baúlhe no passado dia 19 de Novembro um concerto musical pelo Coro do Convívio e Ensemble de Sopros da Academia de Música Valentim Moreira de Sá (Guimarães). Do programa constava o Stabat Mater de J. dos Santos e o Glória de A. Vivaldi com instrumentação de J. dos Santos.Relativamente à primeira obra, Stabat Mater, as notas/sons provindos dos instrumentos acentuavam e davam cor e luz e sentido às palavras cantadas pelo coro e pela excelente solista – Margarida Salvador-; e como foi sentido e apreciado por todos aqueles que enchiam a igreja todo o drama vivido pela Mãe Dolorosa que, junto à cruz, contemplava Seu Filho que dela pendia! A segunda peça (uma excelente obra do grande compositor que todos conhecem por ter composto as Quatro Estações) também maravilhou todos os presentes e a instrumentação (de J. dos Santos para instrumentos de sopro) estava soberba com os clarinetes a fazer toda a linha melódica dos violinos no original. Um parêntesis para um efusivo aplauso aos clarinetistas pela excelente execução desta obra que era extremamente exigente. As solistas Ângela Alves –soprano- e Janete Costa Ruiz –contralto- assim como o Coro do Convívio também estiveram perfeitos tendo transmitindo a todos os presentes, sob a orientação de Vítor Hugo Ferreira de Matos, toda a força e excelência da peça.Tiveram também lugar outras execuções musicais com obras do nosso grande Dr. J. dos Santos. Assim, a 28 de Agosto realizou-se em Cerva /Concelho de Ribeira de Pena) um Encontro de Coros para a comemoração das Bodas de Prata do Grupo Coral «Flor do Linho» que nasceu com o objectivo de preservar e divulgar as canções populares locais e relacionadas com o trabalho do campo especialmente as que têm a ver com a cultura do linho. O grupo cujas canções populares são transcritas e harmonizadas exclusivamente por J. dos Santos nasceu pela mão deste e do Sr. Padre Joaquim Costa, pároco de Cerva. A 18 de Setembro, em S. João de Airão ocorreu uma celebração eucarística em que todas as composições eram de J. dos Santos e de seu mestre Manuel Faria.No dia 25 de Setembro ocorreu a inauguração do Órgão de Tubos de Joane (Famalicão) onde foram executados vários trabalhos do grande compositor nosso conterrâneo e que temos referido nestas linhas. No dia seguinte (26 de Setembro) e integrado nas Festas de S. Miguel de Refojos foi apresentado um programa musical no auditório municipal Ilídio dos Santos denominado “As viagens de 4 canções populares” em que quatro canções, cantadas pelo grupo coral «Flor do Linho» e recolhidas e harmonizadas por J. dos Santos eram apresentadas ao público de três formas distintas: a) audição da voz original da recolha, b) audição a 3 vozes mistas pelo Coro e c) audição em versão instrumental para Flauta e Piano.Mas o trabalho musical do compositor cabeceirense (J. dos Santos) não pára pois a 8 de Outubro do presente ano concluiu, para a comemoração dos 25 anos da ordenação episcopal de D. Joaquim Gonçalves –bispo de Vila Real-, uma obra com o título “Travessia”. Esta composição, um Oratório para Coro, Solistas e Orquestra com texto do próprio D. Joaquim descreve a viagem do Povo Hebreu do Egipto para a terra prometida e o poema, que não poderia ter sonhado outra música cuja partitura tem quase 630 páginas, é uma projecção do texto do livro do Êxodo na sua extensão e no seu carácter, feito de longos e dolorosos desertos, de nevoeiros, de esperanças e sonhos.Também estão em curso outros trabalhos para diversos concertos em Roma. Depois dos realizados em Abril e Junho vem agora o de 7 de Dezembro com duas obras: Cármen Fatimale –Poema de Fátima (Ode, em puro Latim Clássico escrito por Castro Gil) que celebra a vinda a Portugal do Papa João Paulo II como peregrino de Fátima para Coro Feminino e Orquestra. Esta peça musical teve a sua estreia em Fátima com o Coro e Orquestra do Conservatório de Braga (sob a regência de António Batista), nos 80 anos das aparições.A segunda obra a ser apresentada em Roma será “Vem” cuja estreia ocorreu no Ateneu Comercial do Porto há cerca de 10 anos na versão para Coro e Órgão. Com poema de Ana Plácido (1831-1895) -senhora de espírito culto e escritora brilhante e mulher de Camilo Castelo Branco- este soneto tem agora uma nova versão para Coro Feminino e Orquestra. Resta dizer, para finalizar, que estão já preparadas várias Músicas de Câmara para um concerto na Páscoa de 2006 assim como outras peças Corais Sinfónicas que serão apresentadas/estreadas no próximo mês de Junho.”
Por: Paulo de Almeida