...há um ano... | Obras de J. Santos em concerto pascal | 12.04.2008 | Martiz de Chaves
"Hoje, sábado, pelas 21 horas, na Igreja Matriz de Chaves terá lugar um concerto ilustrativo da Páscoa. Nele serão apresentadas pela primeira vez duas obras do compositor cabeceirense, P. Joaquim Santos: a Paixão se N.S.J.C segundo S. João para solistas, coro a 3 v.m., órgão e violoncelo e In ressurrectione Domini, motete para solista, coro a 4 v.m., órgão e violoncelo.
Sobre a primeira das obras escreve o próprio compositor: "Eis a terceira Paixão de N.S.J.Cristo musicada por mim. A primeira foi em 1977, a pedido do meu conterrâneo P. Fernando Pereira de Castro. O texto em vernáculo, é do Evangelista Mateus e destina-se à Liturgia - com Leitores, 4 v.m. e órgão. A segunda é de 1999. Foi-me pedida pelo Professor Doutor João Duque, para ser executada nesse mesmo ano em Fátima. O texto usado, em latim, é o de S. Lucas. Tem 5 solistas, coro e orquestra. Dada a sua extensão e complexidade, destina-se apenas a ser executada em concerto. A terceira Paixão, segundo S. João, aparece agora mesmo - Janeiro de 2008. É para 3 solistas, coro a 3 v.m., violoncelo e órgão. O texto é em vernáculo e pode usar-se na Liturgia. A obra surgiu duma insistente solicitação do meu bom amigo Nuno Filipe Faria Costa. Fi-la como todo o gosto e entusiasmo, procurando, através da linguagem musical, extrair do texto o dramatismo, real e profundo, que ele encerra".
O coro-intérprete é de Chaves, o mesmo que em 30 de Abril do ano passado (2007) em Roma interpretou, de forma consciente e eloquente o oratório sacro Travessia, com soprano, tenor e orquestra.
Lamentável a negligência dos responsáveis da diocese a que J.Santos pertence: no dia 7 de Março deste ano, na Semana Santa, foi a estreia da Paixão segundo S. João do Cón. Ferreira dos Santos, do Porto, na Igreja do Hospital, em Braga! No ano passado, em 19 de Abril, na inauguração do Centro Diocesano de Cultura, a obra encomendada, para o efeito, ao Maestro Joaquim Santos e que teve a aceitação jubilosa do convidado com o Salmo 150 para barítono e orquestra, não chegou a ser executada! A segunda referida paixão, Passio et mors N.J.Cristi secundum Lucam, que dura aproximadamente duas horas e meia, encomendada, também não chegou a ser executada em Fátima, como o previsto, no encerramento dum Congresso internacional, ali realizado!
Afeito e cultivador da lógica pascal - da Cruz para a Luz, da morte à vida, do exílio à pátria...- o P. Joaquim Santos não se deixa vencer pelos contratempos da história, mas, confiante, entrega nas mãos de Deus e dos que o querem ouvir - in manus tuas - o seu labor do exílio, da Casa da Casinha. Aliás, do Corpo Paulino as Cartas mais belas são, porventura, as que Paulo escreveu no Cativeiro! Com uma regularidade invulgar, com uma criatividade da prova como ouro no crisol, trabalha incansavelmente, escreve música quase todos os dias. O estranho é que sejam os estranhos a ouvi-lo. Mais do Marão, cuja noiva é a Senhora da Graça, pedala na arte dos sons, com uma determinação de que só os mártires são capazes!
Como amigo, confidente, beneficiário da sua actividade artística, sei qual a fonte da sua inspiração. Um obrigado a que do silêncio institucional faz a bela sinfonia do Aleluia e da alegria de que dá sem esperar recompensa. Esta é a lógica de Deus, que morreu para que tivéssemos a vida em seu nome. ele, Jesus, o Bom Pastor conhece quais são as suas ovelhas. Neste domingo, precisamente Dia do Bom Pastor, Joaquim Santos celebra o seu 72º aniversário natalício. O seu lema, embora por humildade e modéstia não o exiba, é amar é servir e servir o Senhor com alegria é reinar. Este é o brasão de que entrega a sua vida, como Maria junto da Cruz. Na hora da verdade e da revelação, saber-se-á quem serviu e, portanto, reinará! Leia-se com atenção Mateus 25, do Juízo final, e os critérios da vida, na morte, estão ali.
Dr. Luís Esteves
in Diário do Minho_11-04-2008